Ihas da Barra - Rio de Janeiro (agosto/2017)

O Rio de Janeiro é incrível , bastando ativar os filtros certos para a sua visita . Pra mim , foi um pouco difícil desativar os filtros "natureza , lixo zero , small is beautiful , moneyless rolê" , pelo que , com certeza devo desculpas às minhas anfitriãs.
Eu ainda sei pouco , e há um ano atrás sabia menos ainda sobre como transitar de maneira mais flexível e neutra .

Viajando com a pequena , cheia de bagagem e sozinha .. há um ano atrás , pra cinco cidades . O que mudou hoje em dia : ela cresceu e a bagagem diminuiu .

Mas uma coisa de fato me surpreendeu - eu não sabia que haviam ilhas na Barra da Tijuca !
Quando passei por lá para visitar a avó paterna da Celeste , fiz contato com a Mônica Linhares , do Planeta.Doc , que super demonstrou interesse pela ideia quando nos falamos por telefone , em Floripa . Marcamos um encontro na Ilha da Gigóia , mas heim ? Tem que pegar barca ? Tentei lembrar de cabeça outra ilha que não fosse a do Governador ou a Ilha Grande , e não me situei . Qual não foi a minha surpresa ..!

As ilhas da barra são pedacinhos de terra localizados na Lagoa da Tijuca , mas se você olhar no mapa talvez se confunda achando que tudo ali é apenas água cercada pelo bairro convencional . As ilhas , que têm nomes loucos como "Gigóia", "Jibola", ficam bem próximas do encontron da lagoa com o mar , (e do bairro- se não fosse a poluição , seria fácil acessar as ilhas fazendo uma travessia com 3 min de nado) mas se você atravessar a barra de carro pode nem desconfiar que elas existem . Seu visual e acesso estão bem disfarçados pelos prédios e aposto que muito carioca também desconhece sua existência  .

Foto: Paty Amarante

Sabe quando você está atravessando a Avenida das Américas apreciando a paisagem e deixando fluir aquela sensação bem Rio de Janeiro que mescla o amortecimento causado pelas construções com o acalento de belezas naturais ao fundo e fica curtindo esse contraste , depositando esperanças nos morros verdes por trás dos shoppings largos , pensando e querendo ver o que tem lá ?
Pois então , quando for ao Rio dê-se esse curioso trabalho de conhecer as Ilhas da Barra , pra poder tirar onda com seus amigos cariocas que nem sabiam que elas existem , mas principalmente pra conhecer outro ponto de vista do Rio , o que é sempre incrível  .
Lá não passam carros , só atravessa-se de balsa e anda-se por vielas . Existem bares na beira da lagoa e programação cultural (tem jazz no hostel Casa do Mundo) . E projetos legais rolando ! O espaço eco-cultural semente tem biblioteca comunitária , feira agro ecológica (!!) e encontros com temáticas veganas  , permaculturais e comunitárias :D
(Vale a pena conhecer , mas quanto à poluição do lago , infelizmente já está previsto e avisado)
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Há um ano atrás fiz essa visita , saindo de Araras pra lá . Na vontade de aproveitar os movimentos , entrei em contato com a Mônica e juntas fomos até um projeto super legal que acontece na Ilha da Gigóia , o Cineclube Gigóia , um projeto social que oferece artes e esportes para as crianças da comunidade e que , na época , funcionava na casa da Iêda Rozenfeld . Ela super se animou e organizamos por lá uma roda de conversa sobre Banco de Tempo .

Foram algumas pessoas interessadas e curiosas e o papo fluiu muito gostoso . Todo mundo adorou a ideia , sentiu que tinha tudo a ver , várias dúvidas surgiram e também vontade de fazer acontecer ! Só ficou aquela questão "mas e a segurança?". Nesse tempo de violência e insegurança que se manifestam no dia a dia do Rio de Janeiro e de muitas outras cidades , como fazer um projeto baseado na confiança , prosperar ? Estamos tão assoladas pelo medo que fica difícil reverter esse cenário , que a própria desigualdade criou , e que o Banco de Tempo vem justamente trabalhar .

Roda de conversa sobre Banco de Tempo na Ilha de Gigóia

Bem , de fato a sementinha não chegou a brotar , mas as conexões sim , e a sensação de que um projeto de confiança e igualdade radical poderia sim fazer toda a diferença nesse contexto , permanece . Abrir espaço para essas trocas e práticas de um outro paradigma seria uma proposta no mínimo provocativa para o Rio .
Então depois de um ano deu vontade de voltar a essa cidade paradoxal e ver o que acontece . Sigo no propósito de compartilhar , mas principalmente APRENDER  e estou buscando me conectar com espaços que queiram fazer esse intercâmbio . Vejo que tem muuuita coisa legal acontecendo por lá , e vou tentando me engendrar .. Seguimos na viagem , embarcando quarta feira pro Rio com a Céu ! Nesse relato que está com dificuldade de alcançar o momento presente , espero poder compartilhar pelas redes o que for aprendendo (:

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