Sobre nossas necessidades superiores

Você sabe quais são suas NECESSIDADES ?
Físicas , emocionais , afetivas , espirituais , de expressão .. para cada pessoa as minúncias podem ser particulares , mas de modo geral , compartilhamos praticamente as mesmas necessidades . Será ? Pense sobre as suas ..

Mapeando nossas necessidades com bolo de chocolate - Ecovila Arca Verde
No processo de criação de um Banco de Tempo , essa é uma importante etapa inicial . Mapear as necessidades individuais e comunitárias pode ser o meio do caminho entre a inspiração e a motivação . Por que ? Porque tudo começa com uma ideia , uma sementinha compartilhada que passa a vibrar nos corações (inspiração é a primeira etapa!) .. o mapa de necessidades é ótimo para justificar a existência de um Banco de Tempo e é animador porque nos ajuda a visualizar as SOLUÇÕES : como podemos saná-las através dos nossos talentos e conexões de fluxos de energia (etapa seguinte) ?



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No coração dessa ecovila povoada por majestosas araucárias existe um yurt . Atrás dele , um açude enorme e maravilhoso refletindo o céu ; na entrada um araçá com suas flores perfumadas , e no coração desse yurt , moradores e amigos dessa comunidade colaborando para criar seu mapa de necessidades . Interiormente eu esperava com essa dinâmica demonstrar como poderíamos diminuir o uso de dinheiro sanando as necessidades através do Banco de Tempo . Que deliciosa frustração ! Enquanto o brain storm fluía , a nossa nuvem de necessidades sutis só aumentava .
Talvez se esse mesmo exercício fosse realizado com um grupo morador de um grande centro urbano , as respostas seriam bem diferentes .. ou talvez não !

Você se identifica ?

De acordo com algumas teorias (que podemos validar a partir do que sentimos) as necessidades podem ser básicas/ físicas e superiores/ sutis (Abrahm MaslowManfreed Max-NeefAmit GoswamiMarshall Rosenberg) cada teórico Ph(o)d(ão) com sua listinha própria .
O grande problema do sistema em que vivemos é que ele subverte o senso comum sobre como saná-las , enquadrando-as na lógica consumista-compulsiva , transformando em produtos estilos de vida objetificados com promessas de plenitude total , ao passo que ignora completamente nossas necessidades superiores .

O conforto material , ou seja , a satisfação de nossas necessidades básicas , traz sim felicidade , mas só até certo ponto (de acordo com o Centro de Pesquisas de Opinião Nacional dos EUA "existe um limite para a satisfação que os bens materiais trazem - desde a Segunda Guerra Mundial a renda triplicou, o tamanho das casas dobrou e o acesso aos bens materiais cresceu muito . Ainda assim, o índice nacional de felicidade não cresceu nenhum milímetro") . Para além desse ponto , ter sempre mais não altera em nada nossa sensação de plenitude . Stanislav Grof (ver em 1:02:28) diz a respeito de países que têm o objetivo falacioso de triplicar seus rendimentos em nome do "bem estar" , que , "Pra falar a verdade , há mais violência , mais suicídio , dependência de alcool , divórcios etc ."

E o que seriam nossas "necessidades superiores" ? Pense em termos materialistas sobre os chakras : os chakras básico , sexual e umbilical ficam felizes com suprimentos de alimentos , segurança , conforto , energia sexual , afirmação de identidade , tanto melhor se forem de boa qualidade ! E quanto ao chakra cardíaco , laríngeo , o "terceiro olho" e o coronário ? Chuta !
Eles se satisfazem com relações profundas , afeto , conexões significativas , pertencimento , amor , compaixão , expressão verdadeira do ser , liberdade , emoções positivas , criatividade , espiritualidade , conexão com um propósito maior !
Uma coisa super legal dos Bancos de Tempo como têm se configurado no Brasil , dentre outras experiências de economias alternativas , é que proporcionam um campo rico para irmos de encontro à satisfação de boa parte dessas necessidades ! Enquanto fazemos trocas não mediadas pelo dinheiro e interesse exclusivo no resultado ou lucro , nos permitimos conectar com os outros participantes de uma forma menos superficial e mais humana .

Nos abrimos para a experiência de receber algo tão valioso quanto o tempo do outro , que sem ao menos te conhecer , oferece um talento em seu favor . Oferecer nosso talento , ajudar o outro , estar alinhados com nosso propósito também é igual ou superiormente satisfatório ! Com isso os chakras superiores sentem-se alimentados , isso é acompanhado de um coquetel químico muito positivo (pois os chakras estão relacionados com as glândulas hormonais) . Podemos traduzir essa sensação de flutuar acima do chão e sorriso interior frequente como bem estar real .
Outro benefício é que nutrindo os chakras superiores , estaremos diminuindo as necessidades reais dos inferiores , e as inventadas também (já não é mais necessário peneira pra tapar o sol) .
Ah ! É fácil fazer outra associação de benefício - é muito mais sustentável ! A degradação intensiva dos recursos naturais para a produção incessante de "bens de consumo" não é mais necessária , e a apreciação por compartilhar de ambientes naturais , cresce . Vivaaaaa !!

Imagine o seguinte cenário : Cidades ecológicas com áreas verdes predominantes , jardins ornamentais e comestíveis geridos pelas comunidades , que se alimentam com qualidade desses alimentos orgânicos , trabalham no que gostam e obtêm seu sustento apoiados por redes de economia solidária e local , têm tempo para curtir a vida , pedalar , tomar banho de mar e construir relações positivas . 
Onde nesse sonho há espaço para o consumo compulsivo de cacarecos a serem descartados na próxima estação ? Lucra-se muito menos com pessoas em plena satisfação de suas necessidades reais (Amit Goswami discordaria, ler artigo indicado no link vinculado a seu nome, acima).


Já é hora de assumir que não vivemos apenas no mundo material , mas que parte significativa de nossas vidas passa-se no plano interior - psiquico , inter-relacional , emocional e espiritual - e que os modelos de consumo e governança não o estão levando em consideração . Precisamos dar um passo bem sólido (e também sutil!) em direção a uma nova forma de estar na Terra , de exercer o nosso propósito e , consequentemente , praticar economia e política . Como fazemos isso ? Com as nossas próprias mãos e energia , é claro !
A boa notícia é que já está acontecendo ! Por toda parte , pessoas estão se unindo para praticar formas mais justas de economia e se comprometendo de forma séria com sua missão terrena - fazendo dela também seu meio de vida .
Se você se sente animada ou animado ao pensar sobre , é porque isso ressoa com esse cenário no qual você já acredita .
Se você sente animação mas com ressalvas , é porque tem muito a acrescentar a esse movimento plural (ele está sendo construído pelos ideais coletivos de milhares de pessoas que o tornam rico, dinâmico e real!)
(Se você não se identifica , provavelmente não leu até aqui)
Para os dois primeiros casos , o cenário (e a dica) é realmente positivo - podemos respirar , sorrir , mergulhar mais fundo nessa busca e desfrutar das novas pessoas , movimentos e oportunidades que sincronicamente cruzarão seu (nossos) caminhos para integrar as partes desse lindo mosaico vivo .
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No mais , o que de prático eu posso sugerir ? Vamos fortalecer/ fazer um Banco de Tempo na sua cidade ? (:

Comentários

  1. Bem, aqui vai uma ideia polêmica:

    A necessidade da raiva numa economia do tempo.

    A economia do tempo pressupõe relação.

    E toda a relação precisa equilibrar poderes, influências, temperamentos, interesses e desejos.


    E então, se a economia do tempo pede uma análise sobre relacionamentos, deve-se problematizar o fenômeno da "decepção" e da "raiva".

    Compreender a importância da decepção e da raiva dentro dos relacionamentos para que a economia do tempo avança e tenha sucesso.

    Veja, por exemplo, como podemos problematizar a importância da raiva dentro de um romance, porque sempre há sentimentos negativos, mesmo no amor.

    Entender a origem das nossas sombras é promover relacionamentos mais saudáveis, uma condição fundamental para a economia do tempo.



    Toda a declaração de amor é, portanto, uma declaração de raiva.



    O que é fundamental é que o amor consiga se sobrepor e dominar a raiva.

    É de extrema importância a aceitação dessa raiva mútua, o trabalho e a reflexão em cima dos nossos hábitos e manias que dificultam a convivência e causam atritos.

    Eu, por exemplo, sei que sou grudento e pegajoso.

    Dificilmente, eu vou mudar, porque ser assim é da minha índole.

    Escrevo essas linhas como maneira de expressar minha constante preocupação em analisar os detalhes, os sentimentos e temperamentos.

    Porque até a raiva engrandece a relação.

    Se não houvesse atritos e se eu não fosse ridiculamente tão chato, penso que namoros não teria o mesmo sabor.

    O meu desejo para 2018 é que eu não mude uma vírgula sequer.




    E a consciência acerca da raiva e da decepção dentro do contexto relacional e romântico faz com que o apaixonado e a apaixonada se lembrem da falha estrutural dentro do amor.

    Essa sensação de desapego e da falta que a consciência da raiva promove é que faz com que um apaixonado procure reparar o mal provocado.


    Assim, essa consciência acerca das falhas e da natureza ambivalente do amor, ora amoroso, ora odiento, faz-me sempre querer o melhor, dentro do meu possível.

    Por fim, a raiva pode ser um importante mecanismo psicológico para engajar pessoas a se relacionarem e procurarem o bem uma das outras, evidentemente, para reparar o mal que espreita a natureza humana.

    É isso que estrutura as bases fundamentais de uma economia do tempo.


    Por isso que, fundamentalmente, o matrimônio nosso nunca vai acabar. Porque está embasado sobre nossas raivas e sobre a nossa consciência acerca dela.



    Abraços.

    Conte comigo se quiseres estudar mais sobre o tema da administração dos sentimentos negativos.

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    Respostas
    1. Uau , eu adorei esse comentário porque casa sincronicamente com reflexões que eu mesma estava tendo sobre a raiva . Não concordo integralmente com tudo o que li , mas de maneira muito louca , tudo isso está diretamente relacionado com o que eu penso sobre as relações , economia e nossa responsabilidade pessoal sobre tudo isso .
      Eu gostaria sim que pudéssemos conversar mais sobre esse tema e quem sabe co-criar textos a respeito (:
      Curiosíssima pra saber a identidade secreta de quem comentou !
      Grata por compartilhar esses pensamentos !!

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