Viagem ao Rio - Contrastes , esperança e transição .


Depois de um ano e várias viagens , voltei novamente ao Rio . Cada viagem é muito agregadora , e essa CERTAMENTE foi um divisor de águas .

O Rio tem uma consistente egrégora de medo , e o medo é inimigo do compartilhamento . Mesmo nos prédios , grandes conglomerados de pessoas , a conexão de recursos e "favores" não flui . Até mesmo sugerir um grupo de comunicação entre vizinhos , é rejeitado imediatamente e justificado com histórias de terror . O medo reina no caos , mas iniciativas de bem brotam , vicejam . Não são brotinhos , são árvores gigantes . Não nas frestas ; no coração das favelas , no topo das montanhas mais maravilhosas .


Impossível eleger a melhor experiência da viagem , mas ter ido à Pedra da Gávea ganhou o posto de melhor vivência-trilha da vida . Fui guiada pelo Rafael . amigo íntimo do pico , carioca super simpático , uma das pessoas que está à frente do Instituo Responsa na comunidade Querosene em Rio Comprido . O Zeno nos alcançou depois . Um cientista (nada) maluco , curador de dores e doenças por meio da física quântica e cofundador do primeiro Banco de Tempo do Brasil (Garopaba) , do qual o Banco de Tempo de Florianópolis é filhote . Escolhemos o melhor lugar possível para nos reunir e fomos abençoados por visões incríveis e os melhores insigths .
O desafio : esse que comentei no primeiro parágrafo .
O estímulo : Intra e transpessoal . A certeza de que precisamos honrar esse planeta de todas as formas , fazer a nossa parte nesse ciclo de mudança global , e que sistema seria mais adequado do que o tempo , o compartilhamento , o livre fluxo daquilo que temos de mais abundante nessa realidade : recursos , talentos , criatividade , capacidade de conexão e cocriação entre as pessoas , universo de possibilidades ?!
A decisão : O projeto Responsa já existe e atua na comunidade há 8 anos . Vamos de pensamento permacultural - começar com o que temos , como podemos , com o que já está disponível e pode florescer .  Na própria comunidade Querosene . Em tempo :)
E estamos juntos ! Todo esse encontro vai além dos Bancos de Tempo . Ampliando o olhar , o que de mais forte e real do que a associação com outros seres e fluxos naturais , pode transformar o mundo ? E o que de melhor do que os desafios que surgem nas relações para nos trazer o esforço sincero de evoluir ? Só mesmo o AMOR . Vamos aprendendo no trilhar dessa estimulante aventura da vida :)



Mas mesmo nesse contexto , compartilhar é possível . Adorei ter conhecido o Espaço Eco-Cultural Semear nas ilhas da Barra , que tem muita programação legal , biblioteca comunitária , brechó , sarau , feirinha agroecológica com rodas de conversa . E fizemos uma sobre Bancos de Tempo e compartilhamento . Lá surgiu forte o tema da necessidade de redes de apoio entre as mães . E saí de lá com brinquedos , livros e um vestido emprestado por uma QUERIDA que me conheceu na roda . (Ela me emprestou sem me conhecer ! A Celeste adorou ler os livros , brincar com as bonecas . Usei o vestido para ir a um casamento de uma irmã de alma que conheci na viagem . E depois , tudo foi devolvido.)

Nas viagens que faço (sempre com a Celeste) não levo muitos brinquedos . E fiquei no 18º andar , rodeada de prédios cheios de crianças imaginando quantos brinquedos disponíveis não teríamos ali . Tentei pelo "Tem açúcar" , mas não obtive resposta . Precisa-se de maior aderência para que a ferramenta flua , mas ainda assim já achei legal ver quantas pessoas na região possuem o aplicativo instalado .



Uso o máximo que as redes sociais podem me dar para me conectar com as pessoas . No instagram , por exemplo , sempre uso as ferramentas de busca para olhar os lugares por onde vou passar , quem passou por ali , que experiências têm compartilhado , será que me identifico , será que consigo me conectar com elas ?
Na Barra as pessoas não circulam tanto , não conectam tanto . Tentei falar com várias , a louca mesmo , de seguir e mandar mensagem puxando assunto . Não tive nenhuma resposta . Mas fiz amizade de parquinho e até fomos em festinha de aniversário de uma mini leonina .

Pelas redes também fiquei muito feliz em ver que as feiras orgânicas por aqui prosperam . Os cariocas podem contar e recorrer a uma sólida rede de articulação de orgânicos e agroecológicos <3

No que tange à alimentação , o Rio merece louros . Se existe algum lugar no Brasil com mais iniciativas e praticantes da alimentação viva , me fala que eu vou ! E aliás , foi inicialmente o principal motivo d'eu ter ido pra lá . Finalmente realizei o sonho de conhecer e participar algumas vezes do projeto Terrapia . Um lugar em meio à uma comunidade da Zona Norte que oferece vivências semanais gratuitas em alimentação viva . Sim , isso existe ! E pra participar basta levar folhas verdes , maças e sementes germinadas . Dançamos em roda , abençoamos o alimento , tomamos suco de clorofila e as receitas do almoço são criadas ali na hora , a partir da combinação dos ingredientes disponíveis . Sempre receitas muito bem elaboradas e preparadas com amor . A sensação de sair de lá com o corpo físico nutrido por uma energia vitalizante é como flutuar graças a um metabolismo antes desconhecido - alimentar-se não precisa (nem deveria) ser pesado .

Mas também com os desafios do inverso - viajar e me abrir pra alimentação que estava disponível e que eu escolhia pra mim e pra Celeste . Enfiamos um pouco o pé na jaca , pra combinar com o contraste próprio do Rj (e com casa de vó) . A vida é sincera !



E nessa mesma viagem aconteceu algo que eu nem desconfiava . Conheci e me apaixonei perdidamente pelo Thetahealing . No começo do mês (agosto) fiz o curso básico . Na ida do primeiro dia estava curiosa pra aprender essa ferramenta que pensei ser útil pra mim mesma . No fim desse primeiro dia estava deslumbrada e comprometida até o mais profundo do meu ser em me aprofundar nessa técnica com a certeza de que faz parte da minha missão ser o canal para ajudar pessoas com usando-a como complemento a minha missão pessoal com as novas economias .
Hoje , escrevendo , alterei as rotas de tudo a partir desse encontro . Adiei a continuação da viagem , que me levaria ao Espírito Santo , e fiz mais dois cursos na técnica . Muita coisa mudou desde que comecei a praticar , mais , e mais profundamente do que imaginei ser possível em um mês .

O encantamento pela cidade só fortaleceu . Vejo uma floresta de oportunidades para a transição , nesse ecossistema rico de recursos e seres incríveis . E tem tanta gente tão maravilhosa que ampliar esse olhar para a cidade , é como subir na Pedra da Gávea e pela primeira vez vislumbrar uma fração da beleza da Floresta da Tijuca , em consonância com o quadrado cinza dos prédios e casinhas cimentadas se amontoando ao longo da costa . O equilíbrio existe , e ele está prestes a ficar mais e mais harmônico . Usará como via a nossa própria elevação de consciência .

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Compras Coletivas - Uma lição de Co-responsabilidade

Semente do btf - II

Semente do btf - I