Bananeira Panc do amor

Bananeira é um ser que se destaca pra mim na arte de expressar de maneira especial e útil o seu papel no mundo .

É uma planta muito tesuda e suculenta , cheia de líquidos , que se auto-multiplica em gerações matrísticas hehehe cheia de órgãos (coração , umbigo , cacho) , simbolismos e funções femininas - planta aquosa , geradora de vida , filtrante - mas também uma planta com suas formas e funções fálicas . Um ser equilibrado e completo .

Seu fruto nutre , sacia e agrega a quem o consome . De suas fibras fazem-se tecidos , artesanatos . Sua resina é também medicina . Seu tronco e suas folhas amplas são painéis que drenam , filtram e jogam para a atmosfera toneladas de água por dia . Do chá de suas folhas faz-se um tônico pra fazer o cabelo crescer . A fauna se alimenta e mora nela (levei umas picadas de vespa nativa) .

Depois de manejar o círculo de bananeiras , retirei o palmito dos trocos . Toda sua matéria vegetal foi aproveitada para cobrir canteiros (em breve quero cultivar delícias, por enquanto preparo o solo com esse material úmido da melhor qualidade) .
De noite , esse palmito foi preparado de forma especial (passam-se processos até que ele fique pronto para ser aproveitado em receitas) e virou risoto de brócolis , leite de côco e palmito de bananeira !

No outro dia , o que sobrou de palmito , virou uma torta sem glúten , com cenoura orgânica , acelga .. uma delícia !

Então uma amiga veio em casa e eu senti o maior TESÃO do mundo quando me peguei embrulhando um pedaço dessa torta maravilhosa vegana , PANC e orgânica em uma folha de bananeira para presenteá-la . A mesa estava cheia de bananas (e mais em sacolas de pano , que o cacho estava abundante e foi também aproveitado por aracuãs) e limões galegos , que peguei no terreno ao lado .

Me veio que é exatamente essa a abundância que eu quero ver com meus próprios olhos . Que as pessoas cheguem nas casas umas das outras e a mesa , as fruteiras , os canteiros estejam sempre cheios , cheios de alimentos plantados e colhidos ali , trocados , coletados , aproveitados das hortas urbanas , dos quintais produtivos , dos canteiros da própria cidade e , com respeito , da vegetação nativa . Que andemos sempre com nossas sementes nos bolsos e na terra , ativas , e passando em mãos , como uma saudação , como presentes , como um "crédito" no futuro orgânico , abundante , colaborativo e vivo , como uma semente , com o qual sonhamos e que estamos construindo .
Que assim seja e assim é !